sábado, 21 de fevereiro de 2009
Vice-Almirante Carlos Viegas Gago Coutinho
Paulo Jorge Estrela

Considerando que, perante a evidência de tal demonstração, se fortalece no espírito nacional a consciência da própria grandeza, nunca desmentida em oito séculos de história;
Considerando que ao alcance patriótico da arrojada travessia se deve acrescentar a sua importância
científica, reconhecida por todo o mundo culto, que seguiu com alvoroço as peripécias da épica empresa;
Considerando que a rota aérea, reflectindo no espaço a esteira das naus descobridoras, mais uma vez une a velha metrópole ao povo que levantadamente perpetua além do Atlântico as gloriosas tradições da raça;
Atendendo a que a ponderada coragem e o metódico saber, tão brilhantemente manifestados pelos dois aviadores, os tornam dignos da mais alta recompensa honorífica que ao valor, à lealdade e ao mérito pode conferir o Governo da República:
Hei por bem, sob proposta do Ministro da Marinha, aprovada pelo Conselho da Ordem Militar da Torre e Espada, decretar que o Capitão de Mar-e-Guerra Carlos Viegas Gago Coutinho, e o Capitão-Tenente Artur de Sacadura Freire Cabral sejam condecorados com o grau de Grã-Cruz da Ordem da
Torre e Espada, do Valor, Lealdade e Mérito». [Decreto 19 Abril 1922 (D.G. 91 / II Série / 1922]
Aproveitando a oportunidade das várias cerimónias oficiais de homenagem ao Almirante Gago Coutinho (sem esquecer o grande Piloto Aviador Naval Sacadura Cabral), publicamos alguns diplomas legais referentes a algumas dessas homenagens. Sendo este um blog cuja temática principal é a Falerística, dar-se-á sempre prioridade a curiosidades relacionadas com Ordens Honoríficas e outras condecorações.
Também a Grã-Cruz da Ordem de Santiago da Espada foi-lhes concedida:
Considerando que da viagem realizada a ciência tirará ensinamentos que a habilitem à resolução de outros problemas que interessam à navegação:Hei por bem, sob proposta do Ministro da Marinha, aprovada pelo Conselho da Ordem Militar de Santiago da Espada, decretar que o Capitão de Mar-e-Guerra Carlos Viegas Gago Coutinho e o Capitão-Tenente Artur de Sacadura Freire Cabral, sejam condecorados com o grau de Grã-Cruz da referida Ordem.
(Diário de Governo nº 99, II Série, de 1922)

(Diário de Governo nº 174, II Série, de 1922)Também a Cruz Vermelha Portuguesa se associou a esta série de concessões.

(Diário de Governo nº 234, II Série, de 1922)Em 1926, Gago Coutinho foi nomeado Director Honorário da Aeronáutica Naval, o que era uma grande homenagem dado que este Oficial da Armada não era Piloto Aviador. Assim, foi publicado o Decreto de de 6 de Maio de 1926:Convindo dar ao Contra-Almirante Carlos Viegas Gago Coutinho, por parte da Marinha Portuguesa, um testemunho da alta consideração que merece por haver contribuído, em grande parte, para a realização do raid Lisboa-Rio de Janeiro, levado a efeito e 1922, tendo, desde então, o seu nome ficado vinculado, de uma forma indelével, não só à Aviação Naval Portuguesa, que muito honrou, ao mesmo tempo que, no estrangeiro, levantava mais alto o nome de Portugal, mas também, pode dizer-se, à Aviação mundial, por virtude dos seus proficientes estudos e trabalhos sobre Navegação Aérea: hei por bem, sob proposta do Ministro da Marinha, decretar que o supracitado Contra-Almirante Carlos Viegas Gago Coutinho seja nomeado Director Honorário da Aeronáutica Naval, sendo-lhe concedido o uso do Distintivo de Piloto Aviador, encimado por duas palmas cruzadas.
(Diário de Governo nº 109, II Série, de 1926)