sábado, 21 de fevereiro de 2009 (originalmente publicado no Blog PHALERAE
Homenagem a Sacadura Cabral
Paulo Jorge Estrela
Na senda das homenagens a Gago Coutinho é impossível esquecer o outro elemento da mais famosa dupla da História de Portugal: Sacadura Cabral.
Depois de viver anos de apoteose nacional e internacional junto de Gago Coutinho, o Piloto Aviador Naval responsável pela pilotagem dos três aeroplanos que fizeram a famosa travessia do Atlântico Sul, este Oficial de Marinha vai ter um fim trágico.
Em 1923 começou a trabalhar para o seu projecto de reunir condições que permitissem um inédito voo de circum-navegação, segundo a rota de Fernão de Magalhães.
Com ofertas várias e com as subscrições abertas em Portugal e no Brasil, conseguiu reunir dinheiro para a compra de 5 aviões Fokker T III W, que escolheu para o dito projecto. Em Junho de 1924 partiu para os Países-Baixos para assistir à recepção oficial dos aeroplanos e regressou a Portugal um mês depois, pilotando um desses aviões.
Em Novembro do mesmo ano regressou à Holanda, com outros pilotos, para trazerem os outros que faltavam.
No dia 15 de Novembro de 1924, Sacadura Cabral, e o seu Mecânico Pinto Correia, morrem quando, enfrentando condições climatéricas muito adversas, o seu avião caiu (por causas ainda hoje desconhecidas) algures no Mar do Norte, após a saída de Amesterdão e quando se dirigia para Lisboa.
Como alguém disse, de uma forma muito poética: “O mar foi a sua mortalha e o avião a sua tumba”
O mundo civilizado ficou chocado com a trágica morte deste herói da aviação e, quando do desastre foram mobilizados meios imensos para encontrar e resgatar o seu corpo, no entanto todos os trabalhos foram infrutíferos. É em consequência deste esforço internacional que será publicado um decreto que vai conceder algumas Ordens Honoríficas Portuguesas para premiar aqueles que, sendo estrangeiros, mais se empenharam na busca.
Decreto de 10 de Agosto de 1927 (Diário de Governo nº 193, II Série, de 1927)
Ministério da Marinha, Repartição do Gabinete
Usando da faculdade que me confere o n.º 2 do artigo 2.º do Decreto n.º 12.740, de 26 de Novembro de 1926, sob propostas do Ministro da Marinha, aprovadas pelos respectivos Conselhos das Ordens Militares de Avis e de Cristo, depois de prévias informações favoráveis do Ministério dos Negócios Estrangeiros: hei por bem decretar que os Oficiais e cidadãos de diversas nacionalidades, abaixo mencionados, que intervieram nas buscas realizadas por ocasião do desastre, ocorrido no mar, que vitimou o Capitão-de-Fragata Artur de Sacadura Freire Cabral e o Mecânico José Pinto Correia, sejam condecorados com os graus das referidas Ordens que lhes vão indicados:
- Grã-Cruz da Ordem Militar de Avis:
Robert-Marie-Gabriel-Alfred De Marguerye, Vice-Almirante da Marinha Francesa
C. C. Zegers Ryser, Contra-Almirante da Marinha Holandesa
D. Luis Pasquín y Reinoso, Contra-Almirante da Marinha Espanhola- Comendador da Ordem Militar de Avis:
Hautefeuille, Capitão-de-Fragata da Marinha Francesa
E. A. Mesnage, Capitão-de-Fragata da Marinha Francesa
L. C. P. Pochart, Capitão-de-Fragata da Marinha Francesa
Gautret de la Moricière, da Marinha FrancesaEdmond Grabbe, Capitão-Tenente da Marinha Belga
- Oficial da Ordem Militar de Avis:
C. A. Weemhoff, 1º Tenente Aviador da Aviação Holandesa
Bouleau, 1º Tenente da Marinha Francesa
Loudes, 1º Tenente da Marinha Francesa
G. E. Benoit, 1º Tenente da Marinha Francesa- Cavaleiro da Ordem Militar de Avis:
P. van Lenning, 2º Tenente Aviador da Aviação Holandesa
A. J. E. Deshayes, Guarda-Marinha da Marinha Francesa
J. M. L. Guillemin, Guarda-Marinha da Marinha Francesa- Cavaleiro da Ordem Militar de Cristo:
Joseph Daems, Cidadão belga, Chefe do Aeródromo de Ostende
Pierre Martinsen, Cidadão belga, Mestre da Traineira 87 Emmanuel
sábado, 21 de fevereiro de 2009
Homenagem a Sacadura Cabral
Na senda das homenagens a Gago Coutinho é impossível esquecer o outro elemento da mais famosa dupla da História de Portugal: Sacadura Cabral.
Depois de viver anos de apoteose nacional e internacional junto de Gago Coutinho, o Piloto Aviador Naval responsável pela pilotagem dos três aeroplanos que fizeram a famosa travessia do Atlântico Sul, este Oficial de Marinha vai ter um fim trágico.
Em 1923 começou a trabalhar para o seu projecto de reunir condições que permitissem um inédito voo de circum-navegação, segundo a rota de Fernão de Magalhães.
Com ofertas várias e com as subscrições abertas em Portugal e no Brasil, conseguiu reunir dinheiro para a compra de 5 aviões Fokker T III W, que escolheu para o dito projecto. Em Junho de 1924 partiu para os Países-Baixos para assistir à recepção oficial dos aeroplanos e regressou a Portugal um mês depois, pilotando um desses aviões.
Em Novembro do mesmo ano regressou à Holanda, com outros pilotos, para trazerem os outros que faltavam.
No dia 15 de Novembro de 1924, Sacadura Cabral, e o seu Mecânico Pinto Correia, morrem quando, enfrentando condições climatéricas muito adversas, o seu avião caiu (por causas ainda hoje desconhecidas) algures no Mar do Norte, após a saída de Amesterdão e quando se dirigia para Lisboa.
Como alguém disse, de uma forma muito poética: “O mar foi a sua mortalha e o avião a sua tumba”
O mundo civilizado ficou chocado com a trágica morte deste herói da aviação e, quando do desastre foram mobilizados meios imensos para encontrar e resgatar o seu corpo, no entanto todos os trabalhos foram infrutíferos. É em consequência deste esforço internacional que será publicado um decreto que vai conceder algumas Ordens Honoríficas Portuguesas para premiar aqueles que, sendo estrangeiros, mais se empenharam na busca.
Decreto de 10 de Agosto de 1927 (Diário de Governo nº 193, II Série, de 1927)
Ministério da Marinha, Repartição do Gabinete
Usando da faculdade que me confere o n.º 2 do artigo 2.º do Decreto n.º 12.740, de 26 de Novembro de 1926, sob propostas do Ministro da Marinha, aprovadas pelos respectivos Conselhos das Ordens Militares de Avis e de Cristo, depois de prévias informações favoráveis do Ministério dos Negócios Estrangeiros: hei por bem decretar que os Oficiais e cidadãos de diversas nacionalidades, abaixo mencionados, que intervieram nas buscas realizadas por ocasião do desastre, ocorrido no mar, que vitimou o Capitão-de-Fragata Artur de Sacadura Freire Cabral e o Mecânico José Pinto Correia, sejam condecorados com os graus das referidas Ordens que lhes vão indicados:
– Grã-Cruz da Ordem Militar de Avis:
Robert-Marie-Gabriel-Alfred De Marguerye, Vice-Almirante da Marinha Francesa
C. C. Zegers Ryser, Contra-Almirante da Marinha Holandesa
D. Luis Pasquín y Reinoso, Contra-Almirante da Marinha Espanhola
– Comendador da Ordem Militar de Avis:
Hautefeuille, Capitão-de-Fragata da Marinha Francesa
E. A. Mesnage, Capitão-de-Fragata da Marinha Francesa
L. C. P. Pochart, Capitão-de-Fragata da Marinha Francesa
Gautret de la Moricière, da Marinha Francesa
Edmond Grabbe, Capitão-Tenente da Marinha Belga
– Oficial da Ordem Militar de Avis:
C. A. Weemhoff, 1º Tenente Aviador da Aviação Holandesa
Bouleau, 1º Tenente da Marinha Francesa
Loudes, 1º Tenente da Marinha Francesa
G. E. Benoit, 1º Tenente da Marinha Francesa
– Cavaleiro da Ordem Militar de Avis:
P. van Lenning, 2º Tenente Aviador da Aviação Holandesa
A. J. E. Deshayes, Guarda-Marinha da Marinha Francesa
J. M. L. Guillemin, Guarda-Marinha da Marinha Francesa
– Cavaleiro da Ordem Militar de Cristo:
Joseph Daems, Cidadão belga, Chefe do Aeródromo de Ostende
Pierre Martinsen, Cidadão belga, Mestre da Traineira 87 Emmanuel