Morgado de Pindela (1798-1865) – Cav. Torre e Espada

Vicente Machado de Melo Pinheiro Figueira (n. 2.07.1798 – f. 8.9.1865)
11º Morgado de Pindela, 7º senhor do Prazo de Arnoso, 5º Morgado dos Guerras em Guimarães, Col. particular
Filho de João Machado de Melo Pinheiro Figueira Lobo n. em Guimarães a 14.8.1757, 10º Administrador do Morgadio de Pindela, 4º do dos Guerras e 6º Padroeiro de Arnoso e de sua mulher D. Maria Angélica Pinto Falcão de Mesquita e Magalhães, f. em Guimarães a 1.5.1799.
Casou a 18.5.1823 com D. Carlota Carolina Corrêa de Moraes de Almada Machado e Castro (n. 1.07.1796 – f. 25.04.1861), filha do Marechal de Campo Graduado Martinho Correia de Morais e Castro, (1771-1833), 1º Visconde da Azenha, veterano da Guerra Peninsular.
Com efeito, em 1809, seu sogro era Major agregado do Regimento de Cavalaria nº 9 tendo sido nomeado pelo General Francisco da Silveira Pinto da Fonseca comandante de Cavalaria nas forças que reuniu em Chaves e participado na defesa de Amarante contra os Franceses, sob o comando do General Loison. Em 1813 era Tenente-Coronel – comandante do Regimento de Cavalaria nº 11, integrado na Brigada sob o comando do Marechal de Campo Thomas Bradford.
Em 1829, já Coronel foi agraciado com o grau de Comendador da Ordem da Torre e Espada[1] e condecorado com a Cruz de Condecoração para Oficiais da Guerra Peninsular (2), de prata[2]. Em Julho de 1823, após a Abrilada era-lhe concedido o título de Visconde de Azenha a que acresceram as medalhas da Fidelidade ao Rei e à Pátria e da Heróica Fidelidade Transmontana. Como muitos dos seus contemporâneos[3], após a declaração de independência do Brasil por D. Pedro e a morte do rei D. João VI, o visconde de Azenha revelou-se partidário dos direitos do Infante D. Miguel, tendo participado nos levantamentos militares que se seguiram ao juramento da Carta Constitucional em 1826 e emigrado para Espanha até 1828, após a fuga das tropas do Marquês de Chaves e dos outros caudilhos miguelistas[4]. Promovido a Marechal de Campo do Exército Realista, em Janeiro de 1832, acabaria por ser destituído, por desavenças com D. Miguel I, e ser preso, um ano volvido, no Forte de S. Julião da Barra e na Torre de Belém, recuperando a liberdade após a partida para o exílio de D. Miguel I, em 1834[5].
Vicente Pinheiro era igualmente cunhado de Bernardo Correia Leite de Morais Almada e Castro, 2º Visconde e 1º conde da Azenha (n.30.10.1803 – f.21.12.1869), Coronel do Batalhão de Voluntários Realistas de Guimarães e de José António de Oliveira Leite de Barros, 1º conde de Basto, destacado apostólico, Ministro do Reino e da Marinha no governo nomeado por D. Miguel em 1828, tristemente célebre pela perseguição impiedosa que moveu aos liberais.
Em Junho de 1823, com 25 anos de idade, Vicente Melo Pinheiro Figueira foi destacado protagonista da reacção contra o Vintismo que grassou em Guimarães e um pouco por todo o país e que culminou na aclamação de D. João VI como rei absoluto. Em Maio de 1828, após a convocatória das Cortes por D. Miguel, Vicente Pinheiro disputa as eleições para dos procuradores do concelho de Guimarães, não tendo porém sido eleito. Com o desembarque das tropas liberais e a ocupação do Porto sob o comando de D. Pedro, duque de Bragança, criam-se os Batalhões de Voluntários Realistas e Vicente Pinheiro oferece-se de imediato como voluntário, sendo em breve nomeado Capitão do Batalhão de Voluntários Realistas de Guimarães. Participou no combate de Ponte de Ferreira, em 23 de Julho de 1832, e noutras acções contra a cidade do Porto em 29 de Setembro de 1832[6].
Por estas últimas, foi condecorado com o grau de cavaleiro da Ordem da Torre e Espada, pelo Decreto de 26 de Outubro de 1832, por força da Carta Régia de 14 de Setembro de 1832 dirigida ao Tenente-General Visconde do Peso da Régua (cf. ANTT – MR – Livro 1123). Seu cunhado o Coronel Bernardo, futuro visconde de Azenha foi igualmente condecorado na mesma data[7].
No retrato acima, Vicente Machado de Melo Pinheiro Figueira é representado com a farda de Capitão do Batalhão dos Voluntários Realistas de Guimarães, ostentando orgulhosamente no peito a insígnia de cavaleiro da Ordem da Torre e Espada, fundada em 1808, pelo Príncipe-Regente D. João, no Rio de Janeiro.
Tanto mais interessante, quanto o retrato terá sido verosimilmente pintado já depois de terminada a guerra civil com a derrota do partido realista, sendo rara a iconografia, desta época, com representações da ordem da Torre e Espada joanina. Cumpre relembrar que o Regente D. Pedro, duque de Bragança havia entretanto criado em 1832, uma ordem de mérito denominada – Antiga e Muito Nobre Ordem Militar da Torre e Espada, do Valor, Lealdade e Mérito, com novas insígnias, a fim de galardoar os que combatiam pela Causa Liberal.
O Morgado de Pindela foi progenitor de João Machado Pinheiro Correia de Melo, 1º visconde de Pindela que trataremos de seguida.
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[1] cf. Paulo Estrela, Ordens e Condecorações Portuguesas 1793-1824, Lisboa, Tribuna da História, 2009, p. 233.
[2] Ibidem, 245.
[3] Cf. Vasco Pulido Valente, Os Militares e a Política (1820-1856), Lisboa, IN-CM, 2005, pp. 23-31.
[4] João Afonso Machado, O Morgadio de Pindela, Porto, ed. do Autor, 199, p.86.
[5] Coronel António José Pereira da Costa (coord.), Os Generais do Exército Português, II volume, Tomo 1, Lisboa, Biblioteca do Exército, 2005, pp. 169-170.
[6] João Afonso Machado, ibidem, pp. 83-88.
[7] Agradeço a informação ao Paulo Estrela.

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